terça-feira, 8 de julho de 2008

De Cuca quente




Cenário comum no futebol brasileiro. A equipe vai mal, caindo pelas tabelas e a torcida pedindo a cabeça de jogadores e inclusive do treinador. Eis que após uma nova derrota, vem o cartola na coletiva publicar o desligamento do técnico da equipe, atendendo a pressão de sua torcida. Porém, alguém que ostenta a fama de azarado e pé-frio certamente seria a última opção dos dirigentes para comandar sua equipe, certo? Errado. Pelo menos no caso de Cuca.
Nunca ninguém após acumular tantos fracassos agregou tanto prestígio perante uma torcida. A frente do Botafogo, Cuca somou dois vice-campeonatos, ambos para o rival Flamengo e duas eliminações traumáticas na semifinal da Copa do Brasil, para Figueirense e Corinthians. Sem esquecer do vexame da Copa Sul Americana do ano passado, quando seu time tomou a virada já nos acréscimos e acabou eliminado. Esta desclassificação, inclusive rendeu um afastamento de nove dias do treinador, que resolveu sair, mas não suportou e acabou regressando.
Na última partida dele no comando do alvinegro carioca, por sinal a semifinal contra o Corinthians, a expectativa de quebrar este estigma era grande, porém Zé Carlos ao cobrar o pênalti nas mãos do goleiro Felipe, deu vida ao fantasma. A torcida inconformada pediu a cabeça de Zé Carlos, nunca à de Cuca. Inclusive até hoje, seis jogos após a era Cuca, independente de vitória, a torcida não se cansa de pedir, “volta Cuca”. A empatia criada entre técnico e torcida é algo admirável, que vai além dos resultados.
Cuca saiu por vontade própria. Disse que precisava de novos ares. Chegou ao alvinegro paulista, o Santos, clube onde ele jogou, como salvador da pátria. Desde que assumiu o grupo santista, o comandante ainda não sabe o que é vencer. Quanto tempo sua torcida aguardará por vitórias? Lembrando que daqui há duas rodadas, exatamente no próximo domingo, o destino coloca a frente justamente os dois alvinegros da vida recente de Cuca. Jogo que poderá causar um coro simultâneo inédito. Em caso de um tropeço santista, sua torcida poderá soltar o corinho de “burro”, enquanto ao mesmo tempo, os botafoguenses pedirão, “volta Cuca”.
Este prestígio alcançado sobre o Botafogo, Cuca certamente tentará levar para seus futuros trabalhos, o que resta saber, é se a torcida do Santos terá paciência com ele. Como a fase santista não anda boa, com o clube na zona de rebaixamento, onde a equipe nunca acostumou a freqüentar, o treinador corre o sério risco de pagar o pato. Apesar de ele ser uma figura carismática e extremamente competente, o futebol brasileiro vive de resultados. Qualquer aproximação da Série B poderá sacrificar o trabalho de Cuca e dispensar seu planejamento.
O certo é que, independentemente do que acontecer, sempre que Cuca olhar para o Rio de Janeiro, além de ver a imagem do Cristo Redentor de braços abertos, também de braços abertos estará a torcida botafoguense, que reconhece seu valor. Oriundo da gestão de Bebeto de Freitas, Cuca foi o maior responsável por tirar o clube do anonimato e recolocar de onde nunca deveria ter saído. Por este resgate sua torcida será eternamente grata a ele.

Um comentário:

Unknown disse...

hehehehehe cuca quente